segunda-feira, 24 de setembro de 2012

"A universidade não é patrimônio de ninguém, é patrimônio do povo!"


A aprovação das cotas para estudantes oriundos/as de escolas publicas, sancionada pela presidenta Dilma no ultimo dia 29, representa um avanço!
O maior discurso - da direita, do conservadorismo, da liberal-"democracia", da burguesia, dos que reproduzem o discurso da mídia que aliena - para criticar essa medida, é o da igualdade, para alguns/algumas “fere o principio da igualdade” (!) Mas, qual é seu conceito?

A igualdade sob a perspectiva libertadora não responde mesmo às expectativas (capetalista) capitalistas!


Uso do exemplo de meu amigo Ronei para exemplificar o conceito de igualdade: imagine as casas de uma cidade atingidas por um furação, de modo que  uma casa perca a janela, outra a janela e o portão, outra a janela, o portão e o teto, e outra ainda perca tudo. A prefeitura da cidade resolve contribuir financeiramente para estas famílias reconstruírem suas casas, e oferece á todas dois mil reais. Para a família que perdeu a janela isso será o suficiente. Mas, e para a que perdeu tudo?
O quanto isso representa igualdade?

A distribuição de mesmo peso não representa a igualdade quando as realidades não são as mesmas, quando os pontos de partida não são os mesmos, isso seria pensar uma igualdade a partir de um patamar já igual. A sociedade é plural, cheia de inconstâncias, tempos, modelos, espaços diferentes e com um histórico de opressão, especificamente na educação, cheia de não-oportunidades, e discrepâncias imensas entre os/as que podem e os/as que não podem pagar.

O sistema capitalista adequou o ensino público fundamental e médio às suas demandas. Não garante aos/ás estudantes a formação básica, tampouco a social-comunitária, produz analfabetos/as funcionais e os/as seduz a concluir o ensino médio para que APENAS consigam espaço no tal mercado de trabalho.

O sistema piramidal vai assim se moldando, apenas 37%  dos/as estudantes de escolas públicas concluem o Ensino Médio (segundo IBGE, 2004). E a maioria já não vê o espaço da faculdade como seu, então ou encerram aí seus estudos, ou uma pequena parcela - que trabalha duro durante o dia/ ou prounistas - ingressa numa faculdade particular inflada de resposta aos interesses do capital.
Ainda, dos/as jovens entre 18 e 24 anos que chegam ao ensino superior, segundo o IBGE 2004, apenas 14,1% são negros/as
Desse modo, é impossível isentar o Estado da culpa, já que reproduz um sistema incapaz, que atinge os/as pobres e sobretudo os negros e negras.

Por trás do sistema emergencial de cotas, está é claro o anseio pela reforma estrutural da educação,  de modo que forme os/as estudantes para a vida e cidadania, e garanta-lhes acesso às universidades públicas.

Mas, as cotas “aceleram o acesso a todos os quadros da hierarquia social de forma equitativa e proporcional” como afirma Carlos Vogte em “o papel estratégico das cotas”.

O furacão passou pelas escolas publicas, pelas favelas, vilarejos, pela vida dos pretos e das pretas. Garantir-lhes este espaço é avançar na construção de políticas publicas de juventude(s), de negros e negras, dos/as pobres e trabalhadores e trabalhadoras.

As políticas afirmativas assim, são as respostas mais sensatas á histórica desigualdade, opressão, não-oportunidade e injustiça. É a equidade em sua plena realização, é mais incentivo, oportunidade, e é o mínimo,  até que o furacão (o da educação publica INCAPAZ) não mais os/as atinja, até que a educação não seja uma reserva para a elite que paga.

"O filho do pedreiro vai poder virar doutor!"
Viva à conquista!
Avante por uma UNIVERSIDADE pintada de gente!



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